terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano - 150 ANOS

Fundado em 28 de janeiro de 1862, o Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano é o Instituto Histórico estadual mais antigo do país, apenas mais recente que Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, fundado em 1838.

Foi a instituição pioneira na sistematização dos estudos sobre a história de Pernambuco e dos estados vizinhos, bem como na preservação das fontes e dos fundos bibliográficos de interesse para nossa história. Foram seus fundadores: Joaquim Pires Machado Portela, Antônio Rangel Torres Bandeira, Salvador Henrique de Albuquerque, Antônio Vitrúvio Pinto Bandeira, Acioli de Vasconcelos e José Soares de Azevedo.

O Instituto Archeológico e Geographico Pernambucano, primeira denominação do IAHGP, funcionou até 1874 no Convento do Carmo do Recife. Em 1875, mudou-se para a Recebedoria das Rendas Gerais no Campo das Princesas. Passou a funcionar em um prédio da Rua da Concórdia em 1877, que em maio de 1879, foi doado em definitivo ao Instituto Arqueológico. Por causa de disputas políticas causadas pela proclamação da república a instituição foi desalojada de sua sede, cujo edifício foi posteriormente demolido. Em 1914, o governador da província desapropriou e adquiriu um prédio na Rua Visconde de Camaragibe, atual Rua do Hospício, 130, onde funcionava uma escola. Passando por adaptações, a sede foi inaugurada em 10 de novembro de 1920, abrigando o IAHGPE até hoje. Foram realizadas obras de manutenção e adaptação no prédio em 1970 e 1987.

Desde sua fundação o IAHGP consolidou-se como orgão de referência para a cultura e a ciência no Estado de Pernambuco e vizinhos, participando ativamente de episódios marcantes como a implantação da república, a libertação dos escravos, a adoção da atual bandeira de Pernambuco e a criação da Academia Pernambucana de Letras. O Instituto mantem-se até hoje como guardião da tradição e glória de Pernambuco.

domingo, 22 de janeiro de 2012

A Maior Riqueza

Segundo os documentos oficiais da Coroa Portuguesa, a cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) foi trazida para o Brasil em 1532 por Martin Afonso de Souza, donatário da Capitania de São Vicente. No entanto, existem relatos de que a produção de açúcar remonta a 1516 na feitoria instalada na Ilha de Itamaracá por Pero Capico, vindo na frota de Cristovão Jacques.

O primeiro engenho do Nordeste foi fundado em 1535 por Jerônimo de Albuquerque em Pernambuco, sendo chamado de Engenho de Nossa Senhora da Ajuda ou Engenho Velho de Beberibe, próximo a Olinda.

O açúcar já era utilizado na Europa desde o século XIV como artigo de alto luxo, primeiro como remédio, ora como tempero e depois na confeitaria.

Com o desenvolvimento de novas técnicas de fabrico, as características do solo e do clima nordestino, e o incremento da mão-de-obra escrava, o açúcar atingiu enorme volume de produção no Brasil. Em sua esteira, o açúcar desenvolveu um verdadeiro império paralelo que envolvia tudo e todos, terminando por atrair os holandeses da Companhia das Índias Ocidentais inicialmente à Bahia e depois à Pernambuco onde permaneceram por 24 anos, estendendo seus domínios do Maranhão ao Rio São Francisco, sem contar com inserções na África Ocidental.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Crueldade Geral

Todos os envolvidos na chamada Guerra Brasílica abusavam da crueldade como meio de intimidar o adversário e também minimizar as frequentes deserções de ambos os lados.

Observe-se a descrição de combate travado em ponto entre os fortes Frederik Hendriks (Cinco Pontas) e Prins Willem (Afogados) feita por Pierre Moreau, francês a serviço da Cia. das Índias Ocidentais:

Vindo do Recife um comboio de víveres para a guarnição de Afogados, os portugueses escondidos nos arbustos à margem do rio, o atacaram no caminho, justamente entre os dois fortes da cidade Maurícia, distantes um tiro de canhão um do outro, misturaram-se entre os holandeses, sem que as guarnições dos fortes ousassem atirar, com receio de ferir os seus, nem sair sem ordem, não sabendo se isso era para surpreende-los.

Houve uns cinquenta mortos de um lado e de outro, mas no dia seguinte uns vinte tapuias escondidos no mesmo lugar e pensando pegar alguém, foram agarrados pelos negros do Recife, que lhes cortaram as cabeças, carregando-as espetadas em chuços pelo meio das ruas, cantando e dançando a sua moda, jogaram bola com as mesmas e depois lançaram-nas no mar.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Ultra Aequinoctiale Non Peccati

As colonias americanas eram vistas na Europa como locais onde imperava a libertinagem e a falta de todas as convenções sociais.

Gaspar Barleus assim escreveu sobre as providências adotadas por Nassau no Brasil:

Todos os flagícios eram divertimento e brinquedo, divulgando-se entre os piores o epifonema: “Além da linha equinocial não se peca”, como se a moralidade não pertencesse a todos os lugares e povos, mas somente aos setentrionais, e como se a linha que divide o mundo separasse também a virtude do vício. Mas tudo isto foi suprimido e emendado pela severidade e prudência do novo governador, que coibia muitos abusos, corrigia muitos erros e punia rigorosamente muitos delitos, de modo que se poderá crer ter ele feito maior número de bons do que encontrou.

A justiça, a eqüidade, a moderação, quase enterradas no país, foram restituídas às cidades, vilas e aldeias. Restaurou-se a reverência à religião, o respeito ao Conselho, o horror dos julgamentos e o vigor das leis. Muitas destas foram proveitosamente emendadas e outras promulgadas. Conseguiram os cidadãos a sua segurança e garantiu-se a propriedade individual. A cada um voltou ou foi imposta a vontade de cumprir com os seus deveres. Os dignos obtinham muito facilmente as honras, como os indignos e criminosos os castigos. Maurício como que reuniu num só corpo nações diversas – holandeses, lusitanos e brasileiros – e lançou para o império que surgia sólidos fundamentos de progresso.


Rervm per octennivm in Brasilia...
1647