segunda-feira, 23 de julho de 2012

Batalha do Monte das Tabocas

Senhores camaradas: esta guerra,
É mais vossa, que minha, pois nasci
(Se nesta terra vós) eu noutra terra,
Distante mais de mil léguas daqui,
Se amor da liberdade em vós se encerra,
Por vos servir é certo, que perdi
Cinco engenhos reais, meu ouro e prata,
E convosco me vim para esta mata.

Aqui vos tenho dado o mantimento,
E as armas que em segredo ajuntar pude,
E nas angústias do maior tormento
Não tenhais arreceios que me mude;
de vos servir, e a Cristo tenho intento,
E estou certo que a Mãe de Deus me ajude
A libertar a vossa pátria amada
Da canalha holandesa depravada.

Acham-se neste bélico teatro,
O católico povo e luterano,
Qual ardendo com fúria do Baratro,
Qual defendendo o ser pernambucano;
Não viu tão suntuoso anfiteatro,
Batalha mais gostosa algum romano,
No campo vencedor o luso fica,
E por vencido o belga se publica.

Durou a briga horrenda e trabalhosa,
Quatro horas inteiras, sem perigo
Dos nossos, que enfim era empresa honrosa
Da Sacra Virgem, como canto, e digo;
Na primeira investida gloriosa,
Tiveram morte em nosso bando amigo
Dois Hércules cristãos, dois Viriatos
João Pais Cabral e João de Matos.

O Valeroso Lucideno
Frei Manoel Calado


A batalha do Monte das Tabocas ocorreu no dia 03 de agosto de 1645 na área rural da atual cidade de Vitória de Santo Antão, sendo considerado o primeiro grande combate da Restauração Pernambucana.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Cabeças a Prêmio

Andava o capitão André Vidal de Negreiros pelo interior com seu terço de emboscadas deixando os holandeses acuados nas fortificações do Recife sem poder sair para apanhar lenha, água nem alimentos.

As expedições de busca que os invasores empreendiam nunca conseguiam apanhar nenhum dos insurretos pelo sistema de vigias que eles empregavam, fugindo para o mato quando necessário.

O governador, conde Maurício de Nassau, resolveu então mandar fixar em toda a capitania e nas vilas vizinhas um edital em que prometia um premio de 2 mil florins a quem lhe entregasse a cabeça de Vidal de Negreiros, perdoando também qualquer crime que tivesse cometido.

Tomando conhecimento do edital de Nassau, Negreiros respondeu na mesma moeda publicando o seguinte:

André Vidal de Negreiros, capitão da infantaria d'El-Rei de Portugal, meu senhor, por este crédito por mim assinado, prometo seis mil cruzados em ouro pagos à vista, a quem me trouxer a cabeça de João Maurício, conde de Nassau, ou me fizer certo como o matou.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

2ª Batalha dos Guararapes

Após a derrota na batalha dos Guararapes ocorrida em 19 de abril de 1648 os holandeses ficaram restritos apenas a ofensivas por mar.

O Conselho do Recife, pressionado pelo Conselho dos XIX na Holanda, cobrava dos chefes militares alguma ação que diminuisse o cerco sobre as localidades ainda sob domínio holandês no litoral. Os oficiais holandeses eram contra, por receio das emboscadas armadas pelos luso-brasileiros e pela carência de víveres e munições.

Sem ter como conviver mais com o cerco, no dia 17 de fevereiro de 1649 os holandeses deslocam uma força armada com 3500 homens saindo do Recife, passando por Afogados, depois pelo curral de Antônio Cavalcanti (hoje Boa Viagem) e finalmente ocupando os montes Guararapes e a passagem para o mar.

Ao tomar conhecimento da disposição dos holandeses, o general Barreto de Menezes posiciona suas tropas do outro lado dos Guararapes, o que hoje seria o Ibura, na localidade conhecida como Oitiseiro. Durante a tarde e a noite houve apenas pequenas escaramuças com patrulhas de ambos os lados.

As escaramuças duraram até o meio-dia seguinte (18/2), quando o sol forte e a falta d'água obrigaram ao coronel van den Brinck a tentar uma retirada de volta a Afogados. Por volta das 3 horas da tarde as tropas holandesas começam a abandonar as posições nas alturas descendo para o boqueirão. Vendo a ação do inimigo, Barreto de Menezes ataca sua retaguarda que opõe resistência mas é batida pela cavalaria luso-brasileira.

A confusão se instala nas forças holandesas que sofrem derrota maior que na batalha do ano anterior. Além do seu comandante van den Brinck, morrem mais 173 oficiais e 855 soldados, tendo sido aprisionados 90. Ficaram no campo de batalha 05 peças de artilharia de campanha e cinco bandeiras.

Os luso-brasileiros perderam 45 combatentes e 200 feridos inclusive o mestre-de-campo Henrique Dias. Também participaram dos combates João Fernandes Vieira, André Vidal de Negreiros e Antônio Dias Cardoso. Em homenagem à vitória, o general Barreto de Menezes mandou construir uma capela no local, que hoje é a igreja de Nossa Senhora dos Prazeres.